Parte 8- Continuação do Cap
XXI (pág 236)
Descrição da viagem
por Santa Catarina**Nota-embora não seja objetivo desta pesquisadora traduzir todo o conteúdo do livro de Lisle, será acrescentada a parte da viagem dos ingleses até a chegada na ilha de Florianópolis(Santa Catarina), pelo interesse histórico da descrição dos caminhos usados pelos viajantes entre o Continente do Rio Grande de São Pedro, Laguna e Ilha de Florianópolis.
9º dia de viagem
Nós descansamos em Torres por 1 dia, como tinha sido combinado
e com nosso guia capacitado novamente , retomamos a nossa marcha.
Nós saímos à luz do
dia e imediatamente ao deixar Torres entramos na Capitania de Santa Catharina. Nossa rota era ao longo da costa do
mar e ao meio-dia nós chegamos a uma cabana onde não obtivemos provisões, com
exceção de leite e um pouco de rum, então fomos forçados a almoçar com isto e
um pouco de farinha que carregávamos.
Descreverei a farinha da melhor maneira para dar conta desta produção singular.
Os portugueses a chamam farinha
de pau ou flour of wood, e a
preparam de uma raiz arbustiva¹, encontrada em todo lugar no Brasil;
a raiz é suculenta e tem uma polegada de diâmetro na maior largura, quando
tostada tem o gosto da batata, mas para prepará-la como substituto do pão eles
empregam uma espécie de moedor, que tem acoplado um grande ralador circular; esta máquina reduz
bem a farinha até pequenos flocos,( em vez da verdadeira farinha, que é pó) e
assim é comido pelas pessoas do país, ou só ela, ou misturada com água fria em
um tipo de pasta², que as pessoas parecem gostar muito e algumas vezes
a comem cozida com açúcar ou melado, quando forma uma espécie de guloseima,
longe de ser desagradável. Farinha e bananas, as quais são igualmente abundantes,
são quase que exclusivamente a comida dos negros; e todos os habitantes, sem
distinção, são tão acostumados com ela, que muito pouco pão é usado nas
refeições. Quando os navios de guerra portugueses estão fundeados no Brasil,
ela é servida às pessoas com o nome de farinha
de guerra.
Tendo esperado para nos refrescarmos durante o período mais
quente do dia, prosseguimos na nossa rota e, à noite, alcançamos um rio que era
necessário que atravessássemos para obter quartos na casa dos guardas, construída
no lado oposto do rio. Estava tão escuro que poderíamos não ser vistos pelo
guarda do outro lado, que estava situado lá para atravessar os passageiros em
canoas e o rio era tão amplo que poderíamos não ser ouvidos . Apesar da rapidez
da correnteza, meu servo tirou a roupa e pulou no rio, nadando até o outro lado;
ele encontrou os soldados, que instantaneamente vieram até nós. Nossos cavalos,
de número de 50, nós os atravessamos a nado e os colocamos a pastar em um campo
perto da margem. Nós fomos obrigados a dormir na deplorável casa dos guardas,
ocupada por uma dúzia de soldados de milícia. Nós estávamos quase sem provisões,
exceto algum peixe seco ruim, e alguma farinha, mas, felizmente , na parte
inferior de uma mochila, na qual tínhamos carregado umas provisões, achamos uns
poucos bocados e um pouco de rum, que tínhamos trazido da cabana onde paramos
ao meio-dia para fazer nossa refeição. Os nossos panos de sela seriam a nossa
cama para a noite e durante a qual caiu uma enorme chuva; o telhado era
totalmente inadequado para manter-nos secos e nós ficamos quase tão completamente
encharcados, quanto se tivéssemos permanecido ao ar livre.
10º dia de viagem
Cedo na manhã fomos visitados por um pequeno e velho francês
que vivia mais acima no rio; ele tinha vindo a este país como soldado e, ali
vivia por 26 anos. Durante este tempo ele não tinha ouvido a sua própria língua
sendo falada. Devido a falta de prática, ele quase a tinha esquecido, mas
tampouco conseguia se explicar em português, somente sua família o compreendia.
Não sendo capaz de se fazer entender por palavras, ele tentou com sinais e
gestos e desta maneira, pelo longo hábito, tinha adquirido uma facilidade meio
grotesca de se comunicar e , algumas vezes poderia ter sido confundido com um
grande macaco.
Às 7 da manhã seguinte³, nossos cavalos já tinham sido
recolhidos e nos preparamos para continuar nossa jornada. Achamo-nos obrigados
a passar outro passo no mesmo rio, não tão rápido quanto o anterior; os cavalos
foram conduzidos pelos dragões e índios e nós seguimos numa canoa.
Aqui nós vimos uma maneira extraordinária de pesca, quase
inacreditável e o que eu posso não ter mencionado, o terá feito Mr. Black na
sua narrativa, também publicada. A pesca, na embocadura do rio é tão farta, que
os peixes parecem cobrir a superfície da água e nada mais é feito além de bater
na superfície da água com os remos; os peixes, assim alarmados e não tendo
lugar para se salvarem nadando, pulam fora d’água em tal número, que alguns
acidentalmente caem na canoa e são suficientes para enchê-la em poucos minutos.
Quando atravessamos este rio, um dos nossos cavalos botou na
cabeça em disparar caminho afora, tão rápido quanto pode, fazendo outros o
seguirem , deixando-nos em perigo de perder vários mais. O mesmo índio, que já
havia agilmente perseguido o cavalo fugitivo de antes, que descrevi anteriormente,
imediatamente galopou atrás deles, e eu pensando que ele poderia não ser capaz
de manejar com todos eles, me juntei à perseguição. Nós os seguimos um longo
tempo por areias escaldantes, em muitos lugares esta alcançando a altura da
barriga dos cavalos, mas afinal, fomos bem sucedidos em trazê-los de volta e
por volta do meio-dia descansamos em umas cabanas, onde tomamos um pouco de rum
e comemos peixe , dos que tínhamos trazido do homem que pescou na barra do rio.
Depois do jantar , nós planejamos nossa rota e dependíamos das informações dos nossos guias, de que poderíamos atingir a vila de Laguna naquela noite, que eles disseram estava à distância de apenas 5 léguas.
Depois do jantar , nós planejamos nossa rota e dependíamos das informações dos nossos guias, de que poderíamos atingir a vila de Laguna naquela noite, que eles disseram estava à distância de apenas 5 léguas.
Nós ficamos, entretanto, desapontados , pois mais adiante, ao prosseguirmos , na mesma noite, descobrimos que ainda estávamos distante daquela vila algumas léguas.
Nós acabamos na casa de um padre, que não estava em casa, mas recebemos alguns grãos dos seus escravos, que também mataram uma ovelha para nos
alimentar e nós ficamos lá aquela noite .
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2-O popular mingau
3- Ficou um pouco confusa a narrativa de Lisle, pois ele diz, nesta frase, Às 7 da manhã seguinte, sendo que descreveu no parágrafo anterior- Cedo na manhã-, não explicando se foi na mesma manhã do que estava narrando ou na próxima.
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3- Ficou um pouco confusa a narrativa de Lisle, pois ele diz, nesta frase, Às 7 da manhã seguinte, sendo que descreveu no parágrafo anterior- Cedo na manhã-, não explicando se foi na mesma manhã do que estava narrando ou na próxima.
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The Life of Major J. G. Semple Lisle, por J.G.Semple Lisle- 1797
London, Printed
for W. Stewart, No. 194, Opposite York House, Piccadilly, 1799
O livro está disponível digitalmente , em versão original em
inglês. https://archive.org/details/lifemajorjgsemp00sempgoog
Tradução livre feita pela pesquisadora.
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