quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nota ao último MAPA da viagem de Lisle-1797

Ao mapa da postagem do dia 16 de Novembro de 2013, quero acrescentar uma nota, referente ao comentário que fiz sobre os ingleses terem passado ou não pelo Rio Tramandaí.

Lendo o Roteiro de Domingos Filgueira, que deixou registrado que passou pelo Rio Tramandaí, em 1703, fiquei na dúvida se esse rio era tão fundo em 1797, época em que Lisle testemunhou ter passado pela região, quanto eu pensei. Fiz este comentário- ... que tem correnteza forte e é bem fundo, pois liga uma série de lagoas ao mar, fazendo a barra de Tramandaí -  e somente o fiz, pois conheço o rio pessoalmente. Tramandaí é a cidade de veraneio da minha família desde meus bisavós maternos e eu conheço aquela barra e rio tão bem quanto conheço a cidade. Mas a situação atual pode não ter sido a de 1797, assim como certamente não era em 1703.
Vou reproduzir o relato de Filgueira sobre este rio:

"...Passado o rio Grande se seguirá jornada sempre pela praia até chegar ao rio a que chamam Taramandabum (Tramandaí em nota do autor Capistrano de Abreu), o qual se passa à vau com água pela cinta em maré vazia , e pelo mesmo se vai continuando o caminho até chegar ao rio Iboipitiuhi (Mampituba em nota do autor Capistrano de Abreu) que com maré vazia se passa também à vau com água pela cinta;¹

Comparando com a descrição de Lisle, que foi a seguinte: "...Na manhã seguinte, cerca de dez horas, chegamos a um rio, que passamos a vau e, ao meio-dia, chegamos a umas  cabanas de pescadores nas margens do rio, perto de sua foz e fomos novamente obrigados a almoçar das nossas próprias provisões e, em seguida vadeamos o rio uma segunda vez. "

É possível que o rio passado à vau pela primeira vez, por Lisle, fosse o canal que liga as duas lagoas maiores que formam o sistema lacunar à beira-mar da região, pois ele diz que perto da foz do rio, o vadearam uma segunda vez. Perto da foz, era na barra, que é onde o rio é fundo atualmente.
De 1703 a 2013, dá um bocado de tempo, 310 anos, em que a situação do canal pode ter se modificado.
Portanto, fica feito o registro sobre a possibilidade do caminho percorrido por Lisle ser o caminho tradicional do litoral, afinal, percorrendo as trilhas e estradas ancestrais abertas pelos indígenas e depois
concretizadas pelos aventureiros, soldados e tropeiros que percorreram o território.


1- Fonte: Primeiros Cronistas do rio Grande do Sul,1605-1801 de Guilhermino César, 1998, pg 50.

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